A remexer na caixa de recordações encontrei a carta. Aquela que me deixaste naquele último dia. E tudo voltou – o sentimento, a sensação de ficar sem chão, a revolta, o desprezo, a falta de compreensão. A lembrança de acordar a meio da noite com uma sensação estranha e olhar para o lado e no teu lugar estar a carta. A carta que ditou o nosso fim. A carta da tua despedida. A carta do teu adeus. A carta do último dia em que te vi.
Temi ao pegar nela. Demorei-me ao abri-la. E chorei mesmo antes de a ler.
Já há muito que te sentia distante, mas ao ponto de saíres sem te despedires, sem uma explicação sequer? Pensei que já estava “esquecido” ou “superado”. Mas hoje ao vê la descobri que ainda está tudo aqui, guardado num baú, dentro de mim. Estava apenas adormecido.
O amor? Esse também continua. E continuará sempre, marcado em mim. Assim como a nossa história. Como tudo que me ensinaste. Como a forma como me ajudaste a crescer. Como o teu olhar sobre mim. Como as promessas que juntos fizemos. Como o sentimento que um dia nos uniu. Porque tu fizeste parte da minha vida. Foste a minha vida. E fizeste de mim uma mulher completa.
Até ao dia em que me tiraste o chão, em que as promessas nunca foram cumpridas, os sorrisos viraram lágrimas e os abraços deixaram de ser sentidos. Nesse dia “morri” e voltei a renascer – mais forte, mais erguida, mais verdadeira, mais eu.
E foi essa a última vez que eu me desiludi.