Entre nós dois nunca deu certo. Mas tu sabes melhor que ninguém tudo que eu fiz por ti. As vezes que lutei. E o que eu sofri.
Segui em frente. Encontrei outros amores. Escrevi outras histórias. Vivi outra vida. Mas tu continuaste sempre presente na minha memória e no meu pensamento – como alguém que me magoou, alguém de quem um dia eu desejava vingar a minha dor. Sempre com o pensamento de que um dia de tudo iria fazer para que conhecesses este meu novo eu. Mais madura, mais segura. E te apaixonasses, como um dia me apaixonei. E que depois sofresses, como um dia sofri.
E passado 8 anos há procura de algo que nunca encontrei – algo que tu me davas, mas que rapidamente me tiravas – sem aviso prévio sequer – aqui estou eu, de novo sozinha, a escrever sobre ti. A escrever para ti. E a pensar em mil e uma maneira de fazer o meu plano de vingança dar certo.
Mas como posso eu amar e depois magoar aquele que é e sempre foi o amor da minha vida?
Likes trocados nas redes sociais. Reações aos instastories. Até que começaram a surgir a troca de mensagens. E após alguns dias já estávamos a tomar café juntos e a conversar horas a fio como dois velhos amigos que passaram anos sem se ver e sem se falar.
Os cafés foram ficando cada vez mais longos, as conversas cada vez mais intensas e quando dei por isso já estavas na minha cama. Disse-te que era apenas sexo, e tu, sem hesitar, concordas-te. E os encontros começaram a ser quase que diários. E tu finalmente te declaraste. Sorri por dentro, e acreditei que o meu plano de vingança finalmente estava a dar certo – tu apaixonaste-te. Era o momento perfeito para te abandonar, como outrora me fizeste a mim. O momento perfeito para te dizer que eu não gostava assim tanto de ti e que não passaste de um pequeno passatempo. E ir á minha vida – sem ressentimentos, e satisfeita por ter conseguido o que sempre quis.
E teria dado certo – não fosse eu estar apaixonada também.
Sem reação ao que me tinhas acabado de dizer, abracei-te – como ainda não o tinha feito até então. Abracei-te e chorei – chorei de dor, chorei de amor, chorei de felicidade. Olhei-te nos olhos e declarei-me também. E naquele momento soube que ao deixar-te iria deixar também uma parte de mim, não iria só fazer-te sofrer a ti como também eu iria ficar sem chão.
Ali senti, mais do que nunca, que o meu lugar era no teu abraço. Que estava destinado assim. Que tudo o que tivemos há uns anos atrás foi para nos preparar para este dia – o dia em que passamos, verdadeiramente, a ser um do outro.
E no fim tudo deu certo.