Dezembro 2020

2020:

Deixa-me começar já por te dizer QUE  FOSTE UM ANO DO CARAÇAS.

Foste um ano cheio de desafios, mudanças, incertezas, adaptação e medo (muito medo). Tiraste tantas vidas, “proibiste-nos” de estar com os nossos como tanto gostávamos de estar.  Mas no meio disto tudo também nos vieste mostrar o quão resilientes somos e quão boa é nossa forma de adaptação. E no meio de todo o mal, quero-te de alguma forma agradecer:

obrigada por me teres permitido continuar com o meu trabalho;

obrigada por me teres feito passar mais tempo com a minha filha;

obrigada por não teres levado nenhum dos meus;

obrigada por me teres mostrado de alguma forma que são os amigos-irmãos que quero levar comigo, e quem são aqueles que afinal nunca estão lá;

obrigada por ter acabado o ano com saúde e amor – muito amor.

Agora podes ir, e permite que venha um 2021 cheio de esperança, e força para acabar com toda a dor que foste provocando. Permite que 2021 seja um ano melhor, um ano em que possamos voltar (aos poucos) a estar com os nossos á vontade, a ir tomar um café ou jantar a um restaurante sem receio. Em que possamos festejar o aniversário com todas as pessoas que queremos lá sem ter de selecionar só algumas (muito poucas), voltar a estar em grupo, ir a um bar beber um copo. Coisas simples mas que acabam por fazer tanta falta!

2021 sê bem-vindo e vem com tudo!

Antes de ti eu pensava conhecer o amor – o mais forte.

Sentimos amor pelos pais, pelos irmãos, pelos afilhados, pelos companheiros, pelos amigos – e achamos que já sentimos tudo, qua não há amor mais forte do que o que já conhecemos. Eu, por exemplo, acreditava que era impossível sentir mais.

Mas depois vieste tu – dia 13 de dezembro de 2017, há 00h05 – ouço-te chorar pela primeira vez e uma enfermeira apresenta-nos, olho-te e desato num choro incontrolável – como é possível sentir algo tão forte?

A partir desse dia soube que é possível amar mais, sentir mais. E cada dia que passa esse amor cresce. E é um amor tão grande, quase impossível de explicar.

É um amor que por vezes dói de tão forte que é – dói ver-te chorar, dói ver-te doente, dói saber que estás a sofrer e não poder trocar de lugar contigo.

É um amor que por vezes dá medo, dá insegurança – dá medo pensar sequer na hipótese de algo te acontecer, dá medo achar que não sou capaz, que por vezes não sou o melhor para ti. Dá a insegurança de não saber sempre o eu fazer, como fazer ou/e como agir.

Mas apesar de tudo, sei que é o amor mais certo de toda a minha vida. Aquele que nunca irá acabar ou desaparecer.

Sei que vou estar sempre aqui para ti, aconteça o que acontecer.

Sei que não sou perfeita, mas também sei que tento ser sempre o melhor que consigo ser para ti.

E sei, que aconteça o que acontecer, seremos para sempre uma da outra.